Dominação
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Narrador
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Musa do Brasil

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Trama O Berilo de Helius

29/7/2014, 14:15

Havia, numa época distante, um povo que muitos confundiam com os celtas, mas não eram exatamente eles. Apesar da semelhança cultural haviam diferenças básicas, para começar moravam bem distante dos mesmos, em uma floresta tão densa que os mantiveram afastados de estrangeiros por muitos e muitos anos. O que também provocou uma incrível similaridade física dentre todos por conta de que depois de muitas gerações todos eram relacionados pelo sangue em algum grau. Os poucos estrangeiros que entraram em contato com esse povo o chamaram de Solari, uma vez que eram todos louros com as peles muito claras e os olhos avermelhados.

Os Solari eram muito devotos aos deuses antigos, mais até que os celtas, fazendo constantes oferendas e celebrações para honrá-los especialmente aquele a qual consideravam líder de todos Helius, o sol rei.  Sua devoção era tanta que trouxe resultado, em determinado momento receberam de seu panteão uma graça, um grande e radiante berilo que continha a essência de todos os elementos da natureza. O líder deles além da guarda da joia recebeu a sabedoria e os conhecimentos necessários para lidar com a mesma. O ancião decidiu que a tarefa de proteger a graça deveria ser compartilhada com os habitantes mais virtuosos da aldeia. Uma série de provas foi elaborada para definir aqueles que seriam abençoados com o dom de dominar os elementos. Assim surgiram os primeiros magos daquela parte do mundo.

A civilização evoluiu e o domínio dos elementos também, cada vez mais os escolhidos aprendiam diferentes formas de utilizar o presente dos deuses. Os escolhidos agora formavam uma ordem conhecida como Ordem de Helius e seus participantes eram chamados de helitas. Por volta de 500 A.C. um grande conquistador de impérios descobriu, por meio de viajantes, a existência dos Solari e de seu berilo mágico. Armado com um exército experiente e massivo ele marchou seu caminho para as terras dos mesmos e tentou, a princípio, comprar a pedra, mas nem todo o ouro do mundo era capaz de seduzir o líder solari. Decidiu por fim invadir, contudo seus pobres homens comuns foram aniquilados pelos experientes magos e magas da aldeia. Frustrado o conquistador partiu.

O líder guerreiro dedicou cinco anos a aumentar seu exército e conquistar mais reinos, estudou tudo o que encontrou sobre arcanismo e magia e treinou novos combatentes letrados em magia, encantou armaduras, armas e passou a respeitar todo o tipo de superstição. Retornou então à terra dos Solari e atacou com todas as suas forças determinado a ter a berilo. Conseguiu derrubar as defesas numa batalha tão sangrenta que a neve que caía pintou-se com o sangue dos abatidos. Não foram poupadas nem mulheres ou crianças, poucos foram tomados como escravos e os guardiões mais poderosos formaram um círculo para proteger o líder e a pedra.

A batalha dentro do salão do berilo durou uma semana, no último dia, vendo que a resistência não duraria muito, o líder decidiu utilizar o cântico do retorno e enviar a pedra de volta aos deuses, no entanto durante os ritos o combate quebrou a concentração do ancião que acabou por errar em algumas partes do complexo encantamento. O berilo, ao invés de subir ao cosmo onde os deuses habitam, espatifou-se com a força do que seria equivalente à uma explosão nuclear. Ninguém foi de fato ferido por conta disso pois a pedra era apenas um receptáculo e não um catalizador, a força apenas derrubou os presentes inconscientes. Os fragmentos subiram aos céus como o cântico ordenava, com tudo despedaçados não tinham força para continuar o percurso até seu local de origem os pedaços que não acabaram perfurando árvores e animais selvagens, orbitaram ao redor do planeta. Na ocasião nenhum humano foi atingido.

Os Solari sobreviventes aproveitaram o caos para fugir, deixando o conquistador e seus homens para trás. Enraivecido o homem dizimou os que haviam sido capturados e decidiu perseguir os sobreviventes e extinguir o povo por inteiro, peregrinou durante anos com seu exército que diminuiu com o tempo e considerado insano o homem foi deposto de seu comando e desapareceu no deserto.

Anos se passaram e o ancião recebeu um chamado dos deuses antigos, não como uma conversa direta como as que costumava ter, mas um breve aviso de que algo estava para acontecer. Foi então que ele encontrou uma criança capaz de manipular o fogo. Ele e os guardiães sobreviventes estudaram o menino por um tempo até perceber que um dos fragmentos perdidos havia caído do céu e entrado em suas costas, deixando uma cicatriz semelhante à uma estrela por onde entrou.

Não muito tempo depois um relato de outra pessoa manipulando elementos chegou aos mesmos e eles foram atrás dessa pessoa, novamente alguém atingido por um fragmento do berilo. Acabou se tornando comum o ancião sonhar com aqueles que recebiam pedaços da pedra, assim começou uma peregrinação em busca dos agraciados. A Ordem de Helius foi reformada, os atingidos eram chamados através de um feitiço e peregrinavam até a sede, um lugar onde aprendiam a lidar com seus novos poderes.

Durante o período renascentista um homem que se dizia descendente do conquistador iniciou uma caçada aos Solari e seus aprendizes, seu intuito era mata-los e capturar o fragmento. Apesar de conseguir assassinar alguns dos agraciados antes que os mesmos chegassem à sede, o fragmento desmaterializava-se diante dele e não conseguia prendê-los por nada. Imaginando ser um feitiço feito pelos últimos sobreviventes – que ainda estavam vivos como se o tempo não houvesse passado para eles – resolveu mata-los também.

Um grande ataque foi feito à sede e os estudantes e seus mestres foram mortos, contudo não foram encontrados os corpos de nenhum dos seis solari e desde então sua existência foi apagada dos registros e sumindo da memória dos povos até desaparecer completamente.
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